sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Escolha de Obama para Nobel da Paz gera polêmica


OSLO (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ganhou na sexta-feira o Prêmio Nobel da Paz por dar ao mundo a "esperança de um futuro melhor" e lutar pelo desarmamento nuclear, uma decisão surpreendente que atraiu tanto elogios quanto críticas fortes.
Obama está no cargo há menos de nove meses e ainda não obteve nenhum êxito expressivo na política externa, razão pela qual a decisão do Comitê Nobel Norueguês foi recebida com perplexidade por jornalistas em Oslo.
O comitê elogiou Obama por "seus extraordinários esforços para fortalecer a diplomacia internacional e a cooperação entre os povos," mas críticos - especialmente no mundo árabe e islâmico - consideraram a decisão prematura.
O porta-voz de Obama o acordou para dar a notícia quando ainda era madrugada em Washington, e uma fonte do governo disse que o presidente recebeu o prêmio "com humildade"
Diante do comentário, em troca de e-mails com a Reuters, de que muita gente no mundo inteiro ficou perplexa com o anúncio, David Axelrod, assessor especial de Obama, disse: "Assim como nós."
Primeiro negro a governar os EUA, Obama, de 48 anos, tem defendido o desarmamento e se empenhado pela retomada do processo de paz do Oriente Médio.
"Muito raramente uma pessoa capturou a atenção mundial na mesma extensão que Obama e deu ao seu povo esperança de um futuro melhor," justificou o comitê do Nobel.
Estadistas como Nelson Mandela e Mikhail Gorbachev, ambos já laureados com o Nobel, elogiaram a decisão. Outros setores disseram que a homenagem foi apressada e não-merecida.
"Obama ainda tem um longo caminho a percorrer e muito trabalho a fazer antes que possa merecer uma recompensa," disse Sami Abu Zuhri, dirigente do grupo islâmico palestino Hamas. "Obama fez apenas promessas e nenhuma contribuição palpável para a paz mundial. E ele não fez nada para garantir a justiça nas causas árabes e muçulmanas."
"PIADA"
Em Bagdá, o trabalhador braçal Issam al Khazraji disse: "Ele não merece o prêmio. Todos esses problemas - Iraque, Afeganistão - não foram resolvidos. O homem da 'mudança' não mudou nada ainda
Liaqat Baluch, dirigente do grupo religioso conservador paquistanês Jamaat-e-Islami, qualificou o prêmio como uma "piada" constrangedora.

Já o negociador palestino Saeb Erekat elogiou a escolha e manifestou esperança de que Obama "consiga obter a paz no Oriente Médio."
Thorbjoern Jagland, presidente do Comitê Nobel, rejeitou insinuações de jornalistas de que Obama estaria recebendo o prêmio cedo demais, argumentando que ele já fez muita coisa no último ano.
"Esperamos que isso possa contribuir um pouquinho para enfatizar o que ele está tentando fazer," afirmou Jagland em entrevista coletiva.
O comitê disse ter dado "especial importância à visão e ao trabalho de Obama por um mundo sem armas nucleares," além de ter "criado um novo clima na política internacional."
Sem citar seu antecessor George W. Bush, o comitê salientou as diferenças no envolvimento dos EUA com o resto do mundo desde a mudança de governo em Washington, em janeiro.
"A diplomacia multilateral recobrou uma posição central, com ênfase no papel que as Nações Unidas e outras instituições internacionais podem desempenhar. (foto AP)

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