sábado, 19 de outubro de 2013

Morre no Rio primeira-dama do figurino no Brasil Kalma Murtinho

Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo
Livro sobre a obra da figurinista será lançado pela Funarte
Livro sobre a obra da figurinista será lançado pela Funarte

Considerada a primeira-dama do figurino no Brasil e uma das fundadoras do Teatro Tablado, Kalma Murtinho 

morreu neste domingo, no Rio, aos 93 anos. Ela trabalhou em mais de 200 peças, além de ter feito incursões no cinema e na televisão. Sua premiada obra é tema do livro "Kalma Murtinho - Figurinos", que a Funarte vai lançar em breve, com textos de Fernanda Montenegro e da crítica de teatro Barbara Heliodora. Seu corpo foi enterrado hoje à tarde, no Cemitério São João Batista, em Botafogo. Kalma deixou uma filha, a também figurinista Rita Murtinho.

Kalma Murtinho gostava de contar que desde pequena escolhia as roupas da família. Dizia, também, que sempre andou pelas ruas prestando atenção na maneira como as pessoas se vestiam.

Logo, o interesse infantil se transformou em profissão para essa carioca nascida em 1920. Autodidata, ela se tornou ainda na adolescência amiga de Maria Clara Machado, com quem montava peças e atuava nos acampamentos do Movimento Bandeirante. Anos depois, em 1951, 

quando Maria Clara fundou o Tablado, certamente o principal centro de formação teatral do Rio, foi natural que Kalma se juntasse à empreitada, o primeiro passo para aquela que se tornaria a mais influente figurinista do teatro carioca.
— A Kalma fez figurinos para mais de 200 peças. Ela tinha bom gosto e uma noção muito clara do que ficava bem em cena.

 Sempre pensou no personagem e no conjunto visual de um espetáculo — conta a crítica teatral Bárbara Heliodora, que, junto a Fernanda Montenegro, escreveu textos 

para o livro “Kalma Murtinho — Figurinos”, obra com cerca de 450 imagens de croquis e fotos de cenas, que deve ser lançada ainda este ano pela Funarte.
O primeiro reconhecimento ao trabalho de Kalma foi dado pela Associção de Críticos Teatrais do Rio, ainda no início da carreira no Tablado, pelo figurino de 


“Baile dos ladrões”, texto de Jean Anouilh dirigido por Geraldo Queirós em 1955. Pouco depois, em 1957, cuida dos figurinos do espetáculo “Nossa vida com papai”, de Howard Lindsay e Russel Crouse, montagem de Gianni Ratto para o Teatro Brasileiro de Comédia, o TBC, pela qual ganhou o Prêmio Padre Ventura do Círculo dos Críticos Independentes.
Em 1968, recebeu o primeiro de seus três prêmios Molière, por “O jardim das cerejeiras”, de Anton Tchekov, peça que inaugurou o Teatro Ipanema com direção de seu criador, Ivan de Albuquerque. 

Os outros Molière vieram em 1973, por “O amante de Madame Vidal”, dirigida por Fernando Torres, e em 1983, pelas peças 

“Foi bom meu bem?”, de Luís Alberto de Abreu, com direção de Wolf Maya,

 e “Testemunha de acusação”, de Agatha Christie, dirigida por Domingos Oliveira.


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— Acho que a primeira vez que eu trabalhei com ela foi em 1974, com “Pippin” (musical de Roger O. Hirson e Stephen Schwartz, dirigido por Flávio Rangel). Depois fizemos muitas coisas juntas. Ela era uma artista extraordinária, com um desenho muito impressionante — diz Marília Pêra. — Se você fosse na casa da Kalma ia ver como ela era. Era um ateliê de arte. Ela era sinônimo de beleza.

A beleza do trabalho de Kalma esteve a serviço de outras tantas montagens consagradas no teatro carioca. 

Ela fez os figurinos para “Cyrano de Bergerac”, de Elmond Rostand, dirigida por Flávio Rangel em 1985, e para “Orlando” de Bia Lessa, que foi adaptada do texto de Vírginia Woolf por Sérgio Sant’Anna em 1989. Com Miguel Falabella,


— Ela foi a melhor escola do mundo, o que eu sei do teatro foi através dela — conta Valeria Stefani, figurinista de filmes como “Suprema felicidade” (2010) e “Faroeste caboclo” (2013), e que foi assistente de Kalma em peças como “Orlando”.

Kalma também fez trabalhos para o cinema e para TV. Foram dela, por exemplo, os figurinos dos filmes “Vagas para moças de fino trato” (1993), de Paulo Thiago, e “Amélia” (2001), de Ana Carolina; 

e das novelas 


“Saramandaia” (1976) 


e “Espelho mágico” (1977).


— Eu lembro dela como um sol. Sabe uma pessoa que era um sol na vida, e transmitia alegria para todos? Esta era a Kalma — diz a artista plástica Thereza Miranda, de 85 anos, amiga da figurinista há 50.fonte agencias/imagens google  

pt.wikipedia.org/wiki/Kalma_Murtinho

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