quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Os EUA e as biografias: "A vida de uma pessoa pública pertence a todos nós"

Foto: Você Sabia? 
 
Ditados populares que falamos errado (e às vezes nem entendemos  o sentido)... na pressa, as pessoas foram comendo as palavras, pronunciando errado.

Prof. Pasquale Cipro Neto

1) No popular se diz: 'Esse menino não pára quieto, parece que tem bicho carpinteiro' (coisa de mineiro) .
     
Correto:  'Esse menino não pára quieto, parece que tem bicho no corpo inteiro'    

2) Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão.'
     
Enquanto o correto é: ' Batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão.'

3) Cor de burro quando foge.'
     
O correto é: 'Corro de burro quando foge!'

4) Outro que no popular todo mundo erra: 'Quem tem boca vai a Roma.'
      
O correto é: Quem tem boca vaia Roma.' (isso mesmo, do verbo vaiar).

Outro que todo mundo diz errado,

5) Cuspido e escarrado' -quando alguém quer dizer que é muito parecido com outra pessoa.

O correto é: 'Esculpido em Carrara.' (Carrara, Itália, onde se considera haver o mais perfeito mármore)

6) Mais um famoso... 'Quem não tem cão, caça com gato.'

O correto é: 'Quem não tem cão, caça como gato'... ou seja, sozinho!
 
 
Não sei vocês, mas eu sempre falei tudo errado kkkk
No mercado literário americano costuma-se dizer que quem quer ler a verdade a respeito de uma celebridade deve procurar pela biografia não autorizada escrita por algum jornalista de boa reputação. Nesse tipo de obra é possível ficar sabendo, por exemplo, 

que a apresentadora Oprah Winfrey teve romances secretos com mulheres, comercializou seu corpo na adolescência, e, por conta da falta de dinheiro para Barbies, brincava de casinha com duas baratinhas (aquelas mesmo de oito pernas e duas anteninhas – e bem vivas) que ela batizou de Melinda e Sandy. 

Tudo isso está no livro "Oprah", escrito em 2010 por Kitty Kelley, renomada como uma das maiores especialistas no ramo do “não-autorizado” americano, mas provavelmente não estaria em uma biografia autorizada. Já quem procura por caminhos coloridos para idolatrar ainda mais seus herois, e só ouvir o lado.


 A de suas histórias, deve buscar a biografia autorizada. As biografias não autorizadas circulam livremente no mercado americano, mas, ainda assim, lançar uma biografia sem autorização prévia do biografado nos Estados Unidos pode dar muita dor de cabeça, e elas chegam na forma de ações judiciais movidas pelo "dono" da história.


Quando, em 1983, soube que sua biografia não autorizada, "His Way", estava sendo escrita pela mesma Kelley, Frank Sinatra acionou seus advogados para tentar impedir: alegava invasão de privacidade. 

Um ano depois, o próprio Sinatra retirou a ação, e teve que engolir as mais de um milhão de cópias que inundaram as livrarias. Foram 22 semanas na lista de “mais vendidos”. 

Para escrever a obra, Kelley passou três anos 


anos revirando documentos oficiais do governo americano (material relacionado à máfia e gravações secretas)

 e entrevistando mais de 800 pessoas do convívio do cantor. Ouviu família, colegas de trabalho e amigos. 


Na introdução do livro, ela esclarece:

 "Tentei diversas vezes entrevistar Frank Sinatra para este livro. Durante um período de quatro anos, enviei várias cartas e nunca obtive resposta. 

Passei a ligar e escrever para seu editor, Lee Sotters. De novo, nada de resposta. Então fiz diversos telefonemas para o advogado do sr. Sinatra, Milton Rudin, e enviei várias cartas.(...) 

Em 21 de setembro de 1983, antes mesmo que uma palavra fosse escrita, Frank Sinatra abriu um processo para impedir este livro de ser publicado." O valor do processo, esclarece 

ela mais adiante, era de 2 milhões de dólares. "Ele disse que só ele, e apenas ele, ou alguém indicado por ele, poderia escrever a história de sua vida." 
O livro de Sinatra continua sendo das biografias mais vendidas da história, atrás apenas das biografias 

não autorizadas da princesa Diana,

 de Elvis Presley,
 de Elizabeth Taylor e 

de Michael Jackson (a indústria não fornece os números exatos). 
Não autorizadas são maioria entre os 10.000 lançamentos de 2012 
O gênero “biografia” está entre os que mais cresceram nos últimos dez anos (60%), perdendo 
Foto: E para quem gostou do nosso último post, "Namore uma garota que lê", vai adorar esse também: 


NAMORE UM CARA QUE LÊ

Baseado no "Namore uma garota que lê", texto escrito pela Rosemary Urquico e traduzido e adaptado para o português por Gabriela Ventura. 


"Namore um cara que se orgulha da biblioteca que tem, ao invés do carro, das roupas ou do penteado. Ele também tem essas coisas, mas sabe que não é isso que vai torná-lo interessante aos seus olhos. Namore um cara que tenha uma pilha de três ou quatro livros na cabeceira e que lembre do nome da professora que o ensinou as primeiras letras.


Encontre um cara que lê. Não é difícil descobrir: ele é aquele que tem a fala mansa e os olhos inquietos. Ele é aquele que pede, toda vez que vocês saem para passear, para entrar rapidinho na livraria, só para olhar um pouco. Sabe aquele que às vezes fica calado porque sabe que as palavras são importantes demais para serem desperdiçadas? Esse é o que lê.


Ele é o cara que não tem medo de se sentar sozinho num café, num bar, num restaurante. Mas, se você olhar bem, ele não está sozinho: tem sempre um livro por perto, nem que seja só no pensamento. O rosto pode ser sério, mas ele não morde, não. Sente-se na mesa ao lado, estique o olho para enxergar a capa, sorria de leve. É bem fácil saber sobre o quê conversar.


Diga algo sobre o Nobel do Vargas Llosa. Fale sobre sobre as novas traduções que andam saindo por aí. Cuidado: certos best-sellers são assunto proibido. Peça uma dica. Pergunte o que ele está lendo –e tenha paciência para escutar, a resposta nunca é assim tão fácil.


Namore um cara que lê, ele vai entender um pouco melhor seu universo, porque já leu Simone, Clarice e –talvez não admita– sabe de memória uns trechos de Jane Austen. Seja você mesma, você mesmíssima, porque ele sabe que são as complicações, os poréns que fazem uma grande heroína. Um cara que lê enxerga em você todas as personagens de todos os romances.


Um cara que lê não tem pressa, sabe que as pessoas aprendem com os anos, que qualquer um dos grandes tem parágrafos ruins, que o Saramago começou já velho, que o Calvino melhorou a cada romance, que o Borges pode soar sem sentido e que os russos precisam de paciência.


Um namorado que lê gosta de muita coisa, mas, na dúvida, é fácil presenteá-lo: livro no aniversário, livro no Natal, livro na Páscoa. E livro no Dia das Crianças, por que não? Um cara que lê nunca abandonará uma pontinha de vontade de ser Mogli, o menino lobo.


E você também ganhará um ou outro livro de presente. No seu aniversário ou no Dia dos Namorados ou numa terça-feira qualquer. E já fique sabendo que o mais importante não é bem o livro, mas o que ele quis dizer quando escolheu justo esse. Um cara que lê não dá um livro por acaso. E escreve dedicatórias, sempre.


Entenda que ele precisa de um tempo sozinho, mas não é porque quer fugir de você. Invariavelmente, ele vai voltar –com o coração aquecido– para o seu lado.


Demonstre seu amor em palavras, palavras escritas, falas pausadas, discursos inflamados. Ou em silêncios cheios de significados; nem todo silêncio é vazio.


Ele vai se dedicar a transformar sua vida numa história. Deixará post-its com trechos de Tagore no espelho, mandará parágrafos de Saint-Exupéry por SMS. Você poderá, se chegar de mansinho, ouví-lo lendo Neruda baixinho no quarto ao lado. 

Quem sabe ele recite alguma coisa, meio envergonhado, nos dias especiais. Um cara que lê vai contar aos seus filhos a História Sem Fim e esconder a mão na manga do pijama para imitar o Capitão Gancho.


Namore um cara que lê porque você merece. Merece um cara que coloque na sua vida aquela beleza singela dos grandes poemas. Se quiser uma companhia superficial, uma coisinha só para quebrar o galho por enquanto, então talvez ele não seja o melhor. Mas se quiser aquela parte do “e eles viveram felizes para sempre”, namore um cara que lê"
apenas para segmentos como “economia” e “tecnologia” em um mercado que movimenta anualmente 15 bilhões de dólares (cerca de 33 bilhões de reais), segundo o *BookStats. Em 2012, dez mil novas biografias chegaram às prateleiras norte-americanas (Fonte: *Bowker). 

Dentro desse número, a quantidade de obras não-autorizadas é maioria. Na loja virtual amazon.com, a oferta de biografias prova isso: entre as autorizadas, há 1.310 opções. 

A lista das não autorizadas tem 1.713 títulos. Há algumas não autorizadas tão criativas que surgem em formatos pouco ortodoxos,
Capa da HQ Steve Jobs: Founder of Apple - Divulgação

 como gibis: Steve Jobs ,


 Adele ,


 Eminem e 
Lady Gaga e Justin Bieber contra biografia em BD
Lady Gaga ganharam suas versões HQ coloridas e não autorizadas, assim como Zac Efron e Justin Bieber . 
Por falar em Bieber, esse ilustra bem a predileção do mercado de livros por astros em ascensão. Quando o garoto explodiu no showbiz, dezenas de biografias não autorizadas foram preparadas, 


algumas prontas em questão de semanas e, claro, de qualidade duvidosa. Aqueles que se retiram do showbiz também despertam a sanha.
 As mortes de Whitney Houston e

 Michael Jackson geraram várias biografias não autorizadas em questão de semanas. Mas o recorde fica com a morte 


de Elizabeth Taylor , em 2011,
Livro Elizabeth Taylor Biografia Por Kitty Kelley

 que abriu espaço para cinco biografias lançadas por grandes editoras americanas. Em uma das obras ficamos sabendo que a diva fez um ménage a trois com o 

John F. Kennedy discutia até transmissão colorida da convenção democrata
Foto: Divulgação

presidente John F. Kennedy 

e o ator Robert Stack, informação que uma “autorizada” muito provavelmente não teria.
Biógrafos chegam a receber R$ 1,5 milhão de adiantamento
Foto: «Os sonhos são a literatura do sono.»
(Jean Cocteau)

Boa noite, deliciosas leituras, doces sonhos...
Alguns autores especializados em biografias não autorizadas, 

como Kelley (Jacqueline Kennedy Onassis, 
Nancy Reagan,

Foto: Elizabeth Taylor was one of the most photographed people in the world. There were very few photographers, however, whom she felt captured her most natural self. The person behind the camera of this photo was one of them - can you name him?
 Elizabeth Taylor,
Foto: Watch the world television premiere of Dark Girls, a fascinating, powerful, and controversial documentary that explores the prejudices that dark-skinned women face around the world.
 Oprah), chegam a receber adiantamentos de um milhão e meio de reais, o que mostra que, mesmo com o risco de processos judiciais movidos pelo biografado, a ousadia compensa. Ainda assim, são bissextos os casos em que o biografado 


vai à Justiça alegando “invasão de privacidade” e ganha a causa como, no Brasil, aconteceu com 

Foto: Jorge BispoO REI RI -- Roberto, em seu camarim, no navio Costa Favolosa, palco do cruzeiro "Emoções em Alto-Mar", de 2013 (Foto: Jorge Bispo)
Roberto Carlos, que conseguiu uma ordem judicial para que sua biografia não autorizada, "Roberto Carlos em Detalhes", fosse recolhida das lojas (os livros hoje estão sob seu poder, embora ninguém saiba onde).


Nos Estados Unidos, um dos raros vitoriosos nesse âmbito foi o escritor recluso J.D Salinger (“O Apanhador no Campo de Centeio”), que justificou a ação dizendo que cartas que escreveu seriam usadas em uma biografia não autorizada que estava sendo escrita a seu respeito, e que isso invadia sua privacidade. Depois de algumas discussões mediadas por um juiz, as cartas foram retiradas; e a biografia lançada. Outros pesos pesados como 
Foto: This Sunday, Oprah visits the safe, green and unusual community of Fairfield, Iowa. It's the last place you'd expect to find huge golden domes where thousands meditate twice a day. 

Oprah's Next Chapter
Sundays at 9/8c on OWN
Oprah Winfrey, George Bush , Ronald Reagan e 
Foto: Real-Life Vigilantes and Super Heroes that Jack Reacher might appreciate: http://bit.ly/RealWorldVigilantesAndSuperheroes -TeamTC
Tom Cruise 
não puderam fazer nada além de espernear: suas biografias não autorizadas foram lançadas a despeito das caras-feias, dos pedidos para que fãs não as comprassem e de poucas e frustradas tentativas de investidas judiciais.
Foto: "Há aquilo que se sabe e há aquilo que se ignora.
Entre uma coisa e outra está aquilo que se supõe"
(André Gide)

Bom diaaaa e uma ótima sexta feira a todos!
"A vida de uma pessoa pública pertence a todos nós"
Pela lei americana, todo cidadão tem direito à privacidade (uma frase que hoje, sob muitos aspectos, e em nome da alegada segurança, faz rir, mas concentremo-nos nas biografias). É o que diz a lei. Mas a Primeira Emenda da Constituição americana garante o direito à liberdade de expressão, e é aí que existe margem para a legalidade do vasto mercado das “não autorizadas”. O consenso é que quando alguém se torna famoso, ou publicamente conhecido, fatos íntimos e pessoais de sua vida podem ser revelados. 

Ou, como disse Kitty Kelley quando Sinatra retirou a ação que visava impedir a publicação do livro, “A vida de uma pessoa pública pertence a todos nós, cidadãos americanos”.
O que a maioria dos ofendidos alega nos tribunais americanos não são as “inverdades” escritas a seu respeito, mas sim os danos causados pela invasão de suas privacidades. Juízes, quase como regra e incentivados pela jurisprudência que normatiza o sistema judiciário americano, sentenciam que o público tem interesse legítimo por informações sobre a vida privada da pessoa pública. E assim, nesses casos, a Primeira Emenda vence o Direito à Privacidade.
Kitty Kelley, a autora que enfureceu 


Sinatra, nunca perdeu uma ação porque documenta à exaustão todas as entrevistas que faz, e já teve que mandar para o tribunal a tal prova mais de uma vez, como, por exemplo, quando Ronald 

Reagan alegou que as fontes que ela havia usado na biografia não autorizada de Nancy Reagan 

não haviam dado entrevistas. Kelley mandou para o juiz as fitas com as entrevistas, e a argumentação de Reagan perdeu o sentido.

Mais de 850 entrevistas para biografar Oprah Winfrey

George Burns/AP
Para a biografia de Oprah, Kelley fez mais de 850 entrevistas, todas gravadas para o caso de ser acionada judicialmente, coisa que não foi. O que Oprah fez contra a obra foi uma campanha pesada para divulgar que a biografia não havia sido autorizada, e para que Kelley não tivesse sucesso promovendo o livro.


O jornalista Christopher Andersen , que tem 13 biografias na lista de mais vendidos do New York Times, diz que o público tem direito de saber tudo o que puder ser legitimamente encontrado sobre o biografado. “Não é minha função escolher o que o leitor pode ou não saber. Eu o estaria enganando se fizesse isso. Sou um jornalista, não um censor”.
Nesse mercado, a máxima diz que a maior inimiga da verdade não é a mentira, mas o mito. E, ao contar a história da figura pública com doses cavalares de verdade, cai o mito e nasce o humano, com suas falhas e miudezas.

 Arianna Huffington escreveu a biografia de Pablo Picasso , a quem considerava o maior ídolo. Ao terminar, disse que Picasso já não era mais um ídolo.

Se Kitty Kelley é a mais famosa das biógrafas, seu equivalente masculino é o inglês Andrew Morton . 
O livro volta às livrarias pela Editora BestSeller, ao mesmo tempo que filme inédito sobre a vida da 'princesa do povo' chega aos cinemas do Brasil
Andrew, que ficou famoso ao escrever a biografia não autorizada de Lady Diana ,

 já atacou de Madonna , Monica 
Lewinsky , Angelina Jolie e 

Tom Cruise . Morton é uma força em auto-promoção, fazendo do período pré-lancamento de seus livros um ruidoso bombardeio de publicidade.
Foto: We STILL get asked: "Was that REALLY Tom on the @TheBurj Khalifa in Ghost Protocol or vid/photoshop tricks or stuntman?" The truth: http://bit.ly/BurjKhalifaBTS  -TeamTC
Quando lançou a não autorizada de Tom Cruise, em 2008, armou o maior circo da mídia, mesmo sem grandes revelações (com medo de ser processado por Cruise, como outros tantos foram, os boatos sobre o ator ser gay só foram descritos como “segundo boatos”). Antes do lançamento, Cruise ameaçou processar o autor. 

Em uma declaração formal escrita por seu advogado, Cruise reconhecia que Morton tinha direito a fazer o livro, mas alertava que o autor deveria checar muito bem os fatos: se houvesse na obra alguma referência à sua sexualidade, ele processaria. “Tom Cruise não é gay”, terminava a carta. Cruise nunca processou.
Com Angelina Jolie, que teve sua vida retratada em 313 páginas há dois anos e meio, a história foi diferente. 


Angelina, que sabe administrar elegantemente a mídia (ela lida diretamente com a imprensa, chegando a responder emails de editores e repórteres), nem reclamou. 
Continuou a promover seu novo filme na época (“Salt”), e deu os ombros para Morton.

O livro, embora tenha entrado para a lista de mais vendidos, não teve a vida longa que se previa, o que mostra que a tática de Jolie talvez seja a mais adequada se a intenção é que a biografia caia no esquecimento rapidamente. Espernear, como fizeram Oprah, Sinatra, Cruise e Reagan, apenas gera publicidade e, com ela, longevidade da obra. 

Há, entretanto, saídas ainda mais sofisticadas.
Recentemente, uma biografia não autorizada de Carla Bruni-Sarkozy foi lançada, e a ex-primeira dama francesa não gostou nem um pouco. Mas, depois de reclamar muito, quando perguntada se tomaria alguma ação legal, Bruni apenas disse: “Claro que não. Sou uma democrata”.
Por Milly Lacombe e Marcelo Bernardes , especial para o iG, de NY/pesquisa  regina bittencourt internet imagens facebook e google


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